segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sobre Educação

A MELHOR ESCOLHA

Na sessão de suspense discutia-se a melhor forma de pregar sustos nas pessoas. Podia-se aparecer de surpresa, fingir-se de morto, apagar todas as luzes e gritar. O repertório é extenso. Mortes para investigar, casas abandonadas para entrar, estradas desertas para o carro quebrar. Desde que tudo aconteça em noites chuvosas.
Na sessão de terror, realmente, um horror. Apostava-se quem tinha a pior morte, a maior dor. Muita malvadeza. Com histórias consistentes ou apenas acontecimentos isolados, em noites sombrias e locais afastados. A mocinha bonita e o moço que tenta salvá-la. Espelhos, casas, insanidade, armas de fogo ou improvisadas.
Na sessão de comédia, uma trapalhada só. Mulheres gostosas, semi-nuas, adolescentes na faculdade, bebidas, sonhos, inconseqüências. Esses, só para maiores de 16 anos. Mas também tem para os pré-adolescentes e as crianças. Animais falantes, dançantes e cantantes. Algum gordinho apaixonado que só faz besteiras e se dá mal, até se dar bem. Meninas que têm amigas inseparáveis, que descobrem o primeiro amor, que brigam com a mãe e fogem de casa. Mas há unanimidade quanto ao principal objetivo: rir sempre.
Já com a turma da ficção, não há como ser imparcial: gosta-se ou não se gosta. Bruxos com poderes, lobisomens e vampiros em guerra, motoqueiros sem cabeça, elfos e um mundo dentro de um guarda-roupa. Eles garantem: se você gosta de possibilidades, o mundo da ficção pode te encantar.
Mas, se você é do tipo romance, segure o lenço e se emocione com essa sessão. Há tantas opções e não falta audiência, pois, não há homem que negue acompanhar sua mulher – mesmo que de má vontade – numa melação. Nesses, o cenário é variado. No parque em dia ensolarado, correndo da chuva, entrando num restaurante, conhecendo a nova vizinha, começando a faculdade. O importante é que os encontros aconteçam. O assunto pode ser música, dança, teatro, doença, família, guerra, amigos. Onde há pessoas, há a possibilidade de se emocionar ou de se apaixonar e dar um novo sentido à sua vida.
Agora, coisa séria é se basear em fatos reais. Eles não cansam de contar suas histórias uns aos outros e aprender lições de vida uns com os outros. E, nós também não nos cansamos, pois, seja em tempo de guerra, no campo ou na cidade, a vida acontece e não pára de acontecer. Enquanto alguém supera uma perda, outro chora sua alegria e alívio. E nós agradecemos aqueles que compartilharam suas experiência com todo o mundo.
Então, chegamos onde todos deveriam passar algumas vezes na vida. Num mundo onde tudo pode acontecer. Onde todos podem viver em harmonia ou contar com amigos para derrotar quem lhe faça mal. Onde o bem sempre vence o mal. Onde a fantasia toma conta da sua imaginação e seu coração é tomado pela esperança de que seus problemas poderiam ser facilmente resolvidos; que todas as mesas do mundo estariam cheias de comida e ninguém mais sentiria fome; que todos os guarda-roupas estariam abarrotados de blusas, calças, meias, sapatos e ninguém mais sentiria frio; que todas as árvores de natal teriam muitos brinquedos e nenhuma criança no mundo precisaria viver num mundo cruel e todas as crianças poderiam ser, realmente, crianças.
E, no mundo real, os educadores utilizam-se de histórias em filmes ou livros para tentar criar nas crianças hábitos saudáveis, mostrar o que faz bem ou faz mal, mostrar que é melhor ser amigo e respeitar, porque é muito bom ter amigos e ser respeitado. E a esperança de que nossos alunos cresçam e que sejam bons adultos não pode morrer, pois, se nós educadores não acreditarmos, quem acreditará?

Nenhum comentário:

Postar um comentário