sábado, 23 de janeiro de 2010

CUIDADO COM AS CRIANÇAS

A mãe estava na cozinha, preparando o almoço quando ouviu um barulho vindo da sala. foi correndo olhar, já que sua filha de 5 anos estava lá brincando e ela costumava ser muito sapeca. Mas tudo estava normal e a pequena estava lá brincando com suas bonecas e com uma caixa de sapato, então voltou a seus afazeres.
Dali a pouco outro barulho chegou a seus ouvidos. Falou da cozinha:
- Filha, o que você está fazendo?
A menina com voz de quem tá fazendo força:
- Brincando, mamãe.
- Mas e esse barulho?
- É meu leão de estimação, mamãe. Eu coloquei dentro da caixa pra ele não morder ninguém, mas ele não quer ficar.
- Ah! entendi. Isso mesmo filha, deixa ele ai dentro porque ele pode machucar alguém, não é?
- Tá bom, mamãe. Eu vou conversar com ele pra ver se ele fica mais calmo aqui dentro da caixa.
- As crianças têm uma imaginação!
E riu da brincadeira da filha.
A mãe tinha muito o que fazer ainda. Então, enquanto o arroz cozinhava e a batata fritava ela lavou um pouco da louça, varreu o chão dos quartos. E continuava a ouvir os barulhos vindos da sala. Agora, algo como um rugido.
- Mãe! Meu leãozinho saiu da caixa!
Barulho da caixa caindo no chão.
- Mãe! O leão tá bravo comigo e eu tô com medo!
E ela varria rindo da menina sapeca e muito graciosa. Que bom que ela estava quietinha brincando, assim ela adiantaria o serviço da casa.
- Mãe! SSSSOOOOCCCOOOOOORRRRROOOOOOOOOO
E ouviu os pezinhos da filha correndo para o quintal.
- MMMMMMMÃÃÃÃÃÃÃÃEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
- Essas crianças! Hahahaha
E o almoço ficou pronto.
- Filhaaaa, vem almoçar.
A mãe sentiu um bafo quente nas suas pernas.
- Hum! Olha o que eu fiz pra você: batatinhas fritas e a carne que você adora!
E uma voz muito rouca, bem diferente da pequena levada, disse:
- Obrigada, mas agora não tô com fome. Acabei de almoçar!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Pessoas de quem gosto e por que

Meu pai:

Ah! Gente, ele é lindo demais!! Não demonstra a idade que tem em sua aparência, é o único atleta de casa, tem mais fôlego e resistência que os três filhos juntos.
É bastante trabalhador, nem tanto por gostar, mas, hoje em dia, porque precisa e se preocupa em cuidar de nós. Se pudesse estaria pescando na beira de um rio e tomando uma cervejinha.
Ele se preocupa bastante com a família, por isso é bom vê-lo em seus momentos descontraídos. Ele tem amigos do serviço que o adoram. Desde os meninos de 18 anos até os amigos mais velhos.
Lembro de vê-lo descendo a rua e virando na viela para ir pegar o ônibus da empresa, e na volta, ele surgindo na viela e subindo a rua até em casa. Esse momentos eram felizes para mim. Adoro quando ele chega em casa.
Quando ele chegava, deixava o sapato na porta da sala. Lembro de um dia, quando chegou do serviço ele contou: de manhã ele vestiu o sapato para ir trabalhar, e desceu a rua. Ele sentia que o pé não estava bem acomodado no sapato e quase na viela ele resolveu tirar o sapato pra arrumar a meia. Ele achava que era a meia que estava incomodando, mas... não era... era uma barata horrenda. Claro que eu contando não tem graça nenhuma, mas vocês tinham que ter visto ele contando!
Quando eu era criança, eu tinha muito ciúmes dele. Mas muito mesmo. Há anos ele joga bola com os amigos, e eu não gostava muito que ele saísse. Quando ele voltava machucado era a glória para mim, pois assim eu poderia dizer que seria melhor ele ter ficado em casa comigo. Se não me falha a minha memória falha, eu chutava onde estava machucado pra dizer-lhe “bem-feito”. Aproveitando essa memória, quando eu pedia-lhe um computador ele dizia que teria que me machucar pra ser “com puta dor”.
Bom, como todo bom filho e todo bom pai, já tivemos algumas desavenças, pois pensamos diferente sobre a maioria dos assuntos. E, eu adolescente, perdida na vida sobre o que fazer, estudar, onde trabalhar, dei um pouco de trabalho, mas, ele, sempre maravilhoso, depois daquelas conversas chatas que rolavam, no dia seguinte havia uma ligação pra saber como estava e um “está bem, faça o que você quiser”.
Quando encanei em fazer teatro, mesmo que não achasse útil profissionalmente, ele me levou para assistir uma aula e para ele conhecer o lugar. Sendo que, um ano antes, eu quis fazer pintura em tela, e ele me levou em um ateliê para eu conhecer e eu pude fazer também. Entrei na faculdade com 18 anos, curso de Letras. Só que eu não quis mais depois de dois meses cursando. Queria ir para o cursinho para pensar melhor. Conversamos... ixi... dor de cabeça para ele as minhas trapalhadas. Claro, ele deixou. Mas, no ano seguinte, eu ainda não sabia o que queria fazer, porém, eu não podia perder tempo, ele dizia. Entrei em pedagogia. Ave. Muitas e muitas dores de cabeça a mais para ele, já que em três anos de faculdade perdi as contas de quantas vezes eu quis desistir no caminho. Ele persistiu comigo e me formei. E graças a essa persistência dele hoje estou empregada. Não é o meu emprego dos sonhos, mas paga as minhas contas e é possível que eu pense no que gosto e faça o que gosto. Depois da faculdade vieram muitas outras ideias e muitas outras desistências, só que com ele sempre ao meu lado.
Sim, eu disse que ele era o máximo! Com jeitinho, conversas, mesmo que em sua ideia contrariado, ele esteve ao meu lado. Até hoje! Afinal, seremos pelo resto de nossas vidas: pai e filha.
O álbum de fotografias que temos em casa entrega tudo sobre ele. Tem fotos de mim e dos meus irmãos pendurados no pescoço dele, pisando nele. No parque, na praia, no clube, em casa. Ele esteve presente em todos os nossos momentos. Ainda está e espero que ainda por muitos e muitos anos.
Na minha infância, íamos na festa de fim de ano da empresa e em churrascos que o pessoal da empresa fazia. Lá, sempre vinha uma mulher que adorava meu pai toda expansiva falar oi para ele e para nós. Eu não gostava dela. Não era nada pessoal, mas achava que ela tomava liberdades demais com ele.
Ele é muito criativo. Quando assistimos no jornal alguma notícia de estupro, de pedofilia, você não imagina os castigos que ele daria pra esse pessoal. Com certeza não haveria mais no Brasil esse tipo de crime se divulgassem todas as suas ideias. Não vou colocar aqui porque não sei se pode comprometê-lo...
Nadar de verdade eu não sei, mas ele me ensinou a mergulhar, a me virar onde não dá pé e a gostar do mar. Ele levava minha irmã e eu até onde não dava muito pé para ele (numa praia que era uma piscina - para não acharem que ele era um irresponsável). Eu adorava.
Ele tem um coração de ouro! Muitas vezes minha irmã e eu demos motivos para brigarem conosco. Ele perdia a paciência e pendurava o cinto perto da porta do nosso quarto e quando abusávamos ele vinha que vinha em direção ao quarto “furioso”, mas quando chegava nada acontecia. Lembro que eu tentava perceber o estado de espírito dele e eu ria quando ele fazia isso ou chorava para amolecê-lo. Nunca apanhamos nem ficamos de castigo.
Com a minha mãe ele é o máximo também. Ele cuidou dela nos momentos difíceis com total entrega, fez todo o possível e viveu para ela. E ainda vive para nós quatro como todo bom pai.
Esse é um pouco dele.
- Pai, obrigada!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

PESSOAS QUE GOSTO E POR QUE

Minha mãe:

Eu tenho uma mãe muito zelosa pelo bem-estar da família.
A casa sempre esteve impecável na arrumação e na limpeza. Lembro quando era criança, sábado de manhã eu acordava com o barulhinho que a vassoura faz quando bate de leve no rodapé de taco. Eu sabia que ela estava varrendo a casa, já teria limpado os banheiros e que a comida estaria no fogão.
A comida sempre esteve bem feita, quentinha na mesa, pronta pra que saboreássemos e a louça estaria limpa logo após. Ela sempre se preocupou que tivesse mais de uma opção da comida, caso alguém não gostasse. Sempre teve coisas gostosas pra comermos e todas as novidades do supermercado ela traz para experimentarmos.
Nunca no atrasamos para os nossos compromisso, porque ela sempre esteve lá, pra nos acordar e nos chamar em seguida, caso não levantássemos. Dia após dia, ela fazia tudo o que fazia e ainda lembrava dos horários de cada um.
Inteligentíssima, normalmente tem resposta para todas as perguntas de curiosidades sobre mundo. Lembra de algumas coisas em francês que estudou a mais de 30 anos!! E lembra de muitas coisas do inglês que estudou a mais de 20 anos. Quantas e quantas manhãs acordei com sua voz suave cantando algum clássico da rádio Antena 1 ou os clássicos do Queen, que ela tanto ama.
Tem mãos de artista. Quando era criança, eu gostava de ganhar o Almanacão de Férias da Turma da Mônica, mas como criança logo cansava daquilo. Eu lia tudo e relia várias vezes, porém na hora de pintar eu não conseguia porque o papel era muito ruim. O lápis de cor não ficava bom, a canetinha rasgava o papel e estragava as folhas que ficavam atrás, então ela pegava um canetão que nós tínhamos, que tinha 10 cores, e ela pintava maravilhosamente bem. Hoje em dia, quando pinto algum desenho perto dos meus alunos eles me perguntam onde eu aprendi a pintar tão bem – na verdade, foi com minha mãe! Ela, também, fazia ampliações de desenhos. Normalmente de clássicos das Disney. Tenho guardada uma pasta com vários dele. São tão perfeitos. Ah! Ela ampliava o mapa do Brasil, desenhava os estados e escrevia em papéis os nomes dos estados e suas capitais para decorarmos. E ela tinha paciência de ver se tínhamos acertado todos os estados e suas capitais. Quando meu irmão começou a estudar mapas, ela deve ter percebido que ele tinha facilidade e interesse e fez de outros continentes também. Hoje os dois comentam sobre países e capitais que eu mal sei que existem.
Ainda com sua mãos de artista, faz crochês que quem entende não acredita. São perfeitos, sem nenhum fio fora do lugar. E não são só os pontos perfeitos, há a criatividade que faz com que a perfeição seja única.
Suas mãos também fazem bolos maravilhosos, altos, fofos; tortas deliciosas e amendoins doces nos aniversários. Hum!!! Todos esses são famosos na família.
Quando adolescente eu descobri uma banda que comecei a gostar muito, aquela histeria juvenil (que ainda surge de vez em quando) e ela me apoiava em gostar ,em seguir, saber das novidades. Muitas e muitas vezes chegava em casa com um novo álbum com fotos da banda, com o novo CD lançado, com uma revista que tinha entrevista ou novidades da banda. Ajudava-me com as músicas e suas traduções. Assistia aos clipes comigo.
Ela sempre foi muito bonita. Lembro que gostava de usar vestidos e eu achava tão lindo. Sua risada é linda. Entende de vários assuntos atuais e tem a cabeça jovem pra tantas situações. Na minha adolescência, quando comecei a usar esmaltes vermelho, preto e outras cores fortes ou malucas, ela usava comigo. Quando eu me aborrecia de as pessoas me acharem bonita ela me contava como ela era, dos meninos que gostaram dela, o que falavam pra ela. Acho que meu pai foi um cara sortudo de ser o escolhido.
Gosta de jogos de baralho, passamos tarde jogando bingo com meus avós, dando risada, fazendo companhia uns para os outros. Ela, com olhos de águia, joga pra ela e vê as cartelas de todos!
Ela é uma pessoa muito forte. Quando era criança eu não lembro de ter visto minha mãe com gripe, com dores, nada. Era sempre aquela mulher forte, agitada, proativa, como disse, nada na casa fora do lugar, comida sempre na hora, roupas impecáveis, armários impecáveis. Isso tudo, alguns podem chamar de bitolamento, porém, tente você fazer isso por uma semana. It's a suck! Não é pra qualquer um, com certeza.
Infelizmente, em 2002 soubemos que estava doente e foi uma grande luta até 2007, quando fez o tratamento que a sarou, mesmo que tenha trazido alguns outros problemas. Iniciamos 2010 bem, ela ainda tem alguns problemas de saúde, mas podemos ver sua mudança exteriorizada, sua luta interior pela sua vida e acreditamos que superará tudo isso com sua força e sua luz.
A propósito, ela continua com mãos de fada pra fazer comidas e crochês. Cantando suas músicas preferidas, comprando CD's novos do Bon Jovi para mim, pronta pra fazer o que for preciso sem aquela preguiça que nos pega sempre. Uma memória computadorizada de no mínimo 4 gigas.
E, não posso deixar de citar que, em 27 anos de vida ela foi a primeira em todos os meus aniversários a me receber de braços abertos e me desejar felicidades por mais um ano de vida.
Mãe, obrigada por suas qualidades e me desculpa pelos meus defeitos.