segunda-feira, 21 de março de 2011

Mês das Mulheres

UMA HISTÓRIA DE MULHER

É preciso escrever a história em primeira pessoa. Eu até poderia fazê-lo, apesar de não me sentir primeira, uma vez que não sou nada sem ser primeiro filha dela.
Ela é a minha primeira pessoa: primeira por mim e primeira para mim.
Eu não existiria sem ela, não viveria sem ela e só cresci por ela. Cresci vendo, sob um olhar extremamente auto-crítico e aborrecido pela adolescência (deixo claro isso), meus defeitos refletidos em sua personalidade. Amadureci ao reconhecer suas qualidades. Ao amadurecer, reconheci minhas mil possibilidades.
Porém, descobri tantas qualidades na minha primeira pessoa que, ao olhar para mim, voltei a ser aquele feto indefeso e talvez duvidoso de que seria o melhor vir ao mundo. Penso que estar no ventre dela devia ser o melhor lugar do mundo.
Você pode até dizer que lá eu não teria crescido e amadurecido tanto já que não haveria obstáculos e desafios. Consequentemente, não haveria tantas chances de crescimento.
Mas argumento com total certeza que, depois de nascidos, não seremos nunca mais tão amados, tão esperados, tão queridos, tão importantes, tão necessários, tão acariciados, tão agradados, tão presenteados, tão comemorados, nem tão perfeitos quanto enquanto estamos no ventre de nossa primeira pessoa.
Nascemos e desde então buscamos em cada situação vivida nos sentirmos da mesma maneira.
Por Deus maior, ao nascer da minha primeira pessoa, ganhei duas primeiras pessoas, já que, sortuda que sou, meus pais empataram no primeiro lugar das melhores primeiras pessoas do mundo.
Visto que não me sinto como primeira pessoa, por ser essa a minha mãe, necessário será eu ser mãe para então ser a primeira pessoa de alguém e assim, poderei escrever esse texto.