terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Pessoas de quem gosto e por que

Meu pai:

Ah! Gente, ele é lindo demais!! Não demonstra a idade que tem em sua aparência, é o único atleta de casa, tem mais fôlego e resistência que os três filhos juntos.
É bastante trabalhador, nem tanto por gostar, mas, hoje em dia, porque precisa e se preocupa em cuidar de nós. Se pudesse estaria pescando na beira de um rio e tomando uma cervejinha.
Ele se preocupa bastante com a família, por isso é bom vê-lo em seus momentos descontraídos. Ele tem amigos do serviço que o adoram. Desde os meninos de 18 anos até os amigos mais velhos.
Lembro de vê-lo descendo a rua e virando na viela para ir pegar o ônibus da empresa, e na volta, ele surgindo na viela e subindo a rua até em casa. Esse momentos eram felizes para mim. Adoro quando ele chega em casa.
Quando ele chegava, deixava o sapato na porta da sala. Lembro de um dia, quando chegou do serviço ele contou: de manhã ele vestiu o sapato para ir trabalhar, e desceu a rua. Ele sentia que o pé não estava bem acomodado no sapato e quase na viela ele resolveu tirar o sapato pra arrumar a meia. Ele achava que era a meia que estava incomodando, mas... não era... era uma barata horrenda. Claro que eu contando não tem graça nenhuma, mas vocês tinham que ter visto ele contando!
Quando eu era criança, eu tinha muito ciúmes dele. Mas muito mesmo. Há anos ele joga bola com os amigos, e eu não gostava muito que ele saísse. Quando ele voltava machucado era a glória para mim, pois assim eu poderia dizer que seria melhor ele ter ficado em casa comigo. Se não me falha a minha memória falha, eu chutava onde estava machucado pra dizer-lhe “bem-feito”. Aproveitando essa memória, quando eu pedia-lhe um computador ele dizia que teria que me machucar pra ser “com puta dor”.
Bom, como todo bom filho e todo bom pai, já tivemos algumas desavenças, pois pensamos diferente sobre a maioria dos assuntos. E, eu adolescente, perdida na vida sobre o que fazer, estudar, onde trabalhar, dei um pouco de trabalho, mas, ele, sempre maravilhoso, depois daquelas conversas chatas que rolavam, no dia seguinte havia uma ligação pra saber como estava e um “está bem, faça o que você quiser”.
Quando encanei em fazer teatro, mesmo que não achasse útil profissionalmente, ele me levou para assistir uma aula e para ele conhecer o lugar. Sendo que, um ano antes, eu quis fazer pintura em tela, e ele me levou em um ateliê para eu conhecer e eu pude fazer também. Entrei na faculdade com 18 anos, curso de Letras. Só que eu não quis mais depois de dois meses cursando. Queria ir para o cursinho para pensar melhor. Conversamos... ixi... dor de cabeça para ele as minhas trapalhadas. Claro, ele deixou. Mas, no ano seguinte, eu ainda não sabia o que queria fazer, porém, eu não podia perder tempo, ele dizia. Entrei em pedagogia. Ave. Muitas e muitas dores de cabeça a mais para ele, já que em três anos de faculdade perdi as contas de quantas vezes eu quis desistir no caminho. Ele persistiu comigo e me formei. E graças a essa persistência dele hoje estou empregada. Não é o meu emprego dos sonhos, mas paga as minhas contas e é possível que eu pense no que gosto e faça o que gosto. Depois da faculdade vieram muitas outras ideias e muitas outras desistências, só que com ele sempre ao meu lado.
Sim, eu disse que ele era o máximo! Com jeitinho, conversas, mesmo que em sua ideia contrariado, ele esteve ao meu lado. Até hoje! Afinal, seremos pelo resto de nossas vidas: pai e filha.
O álbum de fotografias que temos em casa entrega tudo sobre ele. Tem fotos de mim e dos meus irmãos pendurados no pescoço dele, pisando nele. No parque, na praia, no clube, em casa. Ele esteve presente em todos os nossos momentos. Ainda está e espero que ainda por muitos e muitos anos.
Na minha infância, íamos na festa de fim de ano da empresa e em churrascos que o pessoal da empresa fazia. Lá, sempre vinha uma mulher que adorava meu pai toda expansiva falar oi para ele e para nós. Eu não gostava dela. Não era nada pessoal, mas achava que ela tomava liberdades demais com ele.
Ele é muito criativo. Quando assistimos no jornal alguma notícia de estupro, de pedofilia, você não imagina os castigos que ele daria pra esse pessoal. Com certeza não haveria mais no Brasil esse tipo de crime se divulgassem todas as suas ideias. Não vou colocar aqui porque não sei se pode comprometê-lo...
Nadar de verdade eu não sei, mas ele me ensinou a mergulhar, a me virar onde não dá pé e a gostar do mar. Ele levava minha irmã e eu até onde não dava muito pé para ele (numa praia que era uma piscina - para não acharem que ele era um irresponsável). Eu adorava.
Ele tem um coração de ouro! Muitas vezes minha irmã e eu demos motivos para brigarem conosco. Ele perdia a paciência e pendurava o cinto perto da porta do nosso quarto e quando abusávamos ele vinha que vinha em direção ao quarto “furioso”, mas quando chegava nada acontecia. Lembro que eu tentava perceber o estado de espírito dele e eu ria quando ele fazia isso ou chorava para amolecê-lo. Nunca apanhamos nem ficamos de castigo.
Com a minha mãe ele é o máximo também. Ele cuidou dela nos momentos difíceis com total entrega, fez todo o possível e viveu para ela. E ainda vive para nós quatro como todo bom pai.
Esse é um pouco dele.
- Pai, obrigada!

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